domingo, 2 de novembro de 2008

Requeijão com doce de abóbora



Espreito pelo negro cinza o corrimão do arquipélago. Avisto ao longe as várias ilhas de um só mar. Vazios de xisto em purpúrinas. Na boca, o branco estreme, no infinito a abóbora.

Teu cheiro ainda mora no canal Júlio Dinis mas já não sobe ao penúltimo andar.
Espreitamos pela mesma órbita e escolhemos a nossa ilha. Fotografei pelo alto do castelo (por onde agora espreitas), como que para não me esquecer!! Ridícula...como esquecer se qualquer miserável partícula do cérebro a pinta a ouro?!!!
-É aquela. Disse-te eu. - Quero morar ali.
Do outro lado do rio, para nós mar, falava-se espanhol.
Idiomei, ainda assim, que haveria de ser ali. Naquela. Naquele misto. A fusão de planície onde vagueias, neste instante, clama por minha montanha.

Tudo negro.
De cinza, num repente, se pintou o céu.
Hoje, dia de todos os defuntos, fui pôr flores á tua campa. Não via teu rosto, mas saboreava em mim a doce abóbora. Perfeita combinação. Genial fundição.

- É um requeijão com doce de abóbora, se faz favor!

3 comentários:

Ninguém disse...

Encontrei uma ilha em teus braços. Em teus olhos, meu eterno mundo.
Será nessa ilha que quero morar. Ninho de luz. Escavar e encontrar tesouros de cor ausente. Tudo o resto é água, tubarões e algas.

A vista continua a mesma, contudo o olhar ficou na cidade e a paisagem tornou-se indiferente. O que torna algo belo, o génio que bresunta a normalidade em pintura sublime, esse ficou nos sapatos que calças.

É negro o que invade a noite e o dia sem distinção. Negro baço, lago absorto. O brilho ficou na coroa de ar da rainha. Sim negro este mundo, mas não defunto. Ainda está por vir o segundo que ousa o saque da laranja.

Aguarda-se no castelo do segundo de areia, irreal, móvel, o melhor de todos os reinos.
O atlas sem utopia não merecia o mais breve olhar.

Daniela Lopes Moura disse...

Com que então temos um blog e não diziamos a ninguém!!
Só li um pouquinho mas adorei... vou voltar e ler com mais atenção.
E vou adicionar aos meus links.

Tenho saudades tuas.
Beijinho

luaempormaior disse...

Pois que, neste espaço apenas habitam as palavras.È feito de esquissos delas..pequenas fúrias, ás vezes "melodramáticas"..ás vezes pequenitas lamechices..mas também muitos sorrisos..muitos, muitos e muitas cores!
A este espaço vêm beber os amantes delas, das palavras.
Que venhas sempre para brindarmos juntas.
È teu este reino, também, o delas!
Bienvenue,!!