quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Existir...


Fecho as janelas azeitona para não ver. Pulsos remendados, com linha pura de seda, cosidos em prol da sobrevivência...Quanta esquizofrenia condensada num só ser?! Um ser real. Pisou a cratera de existir para se dizer maior. Chumbo peganhento, em exame de vida. Sorrateiramente, a um jeito mais que humano, aniquila-se. Porque incomoda...porque fede na secreção dos sentidos. Desdenhar?! Pra quê?! se somos nós a querer, a mendigar o beijo ensanguentado da serpente que cospe o elixir da imortalidade. Antagonismo?!

Qual alquimista sedoso da panaceia que o contenta em solo terrestre. Nem tapete persa...Nem Hipócrates no Olimpo poderá curar esta enfermidade maior: Existir.

...Paris je t'aime...

"Quando te cansares de Paris...é porque te cansaste de viver..."

índios...(versão the gift...) é tão simples...

Quem me dera ao menos uma vez...





...explicar o que ninguém consegue entender...

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Crash duas e três vezes...

Uma ou outra vez, queria parar a memória...calá-la. Quebrar o raciocínio lógico e fazer a triagem. Mas uma e outra coisa sempre se asfixiam e acasalam num éter que contrariando a simples forma, possui volume e é detectável...Vejo a olho nu este turbilhão de ligações...colisões. E a carne queimada da explosão de carbono..liga em átomos dispersos um electrão e um protão...a microscópio vemos, bem no centro,no núcleo, o neutrão. Sereno. calado...nem murmúrios se lhe conhecem...Quem dera minha memória ser neutrão...e meu corpo o núcleo onde este mesmo habita. Dorme. Sereno.

Um crash em filme, traz outro filme consigo...era noite a banda tocava, era um solo, talvez...O bar deserto, alguns copos, poucas mesas...nós.

Crash into me (Dave Mathews) Bonito!

crash...e magenta!


Colisão...mil e uma formas de a viver..de a sentir..por dentro.

Vejo cenas no ecrã que me devolvem a certeza de cá estar. Uma cidade gigante, num planeta cheio de cor..onde ninguém se toca. Onde velhos sábios, de idades avançadas, cumprimentam os cães do vizinho..para deles obterem um simples: Boa tarde! Como está!? Um som, um murmúrio..um gemido..um suspiro... pedem tão pouco.

Há palavras tão simples, custa assim tanto expeli-las por entre os lábios que de vermelho arrogante tantas vezes pintamos?! E há tanto em nós. Tanto calor...tanto de tudo...há cores inventadas na paleta do pintor...e há magenta! Haverá sempre o magenta, para mostrar à mão criadora a certeza de uma nova cor..uma cor que sendo já tão peculiar tudo pode misturar e transformar. Onde todos moramos!


Descobri-o hoje, agora. Na esfera de cores, vem nas primárias, cores mãe, cores que não podemos obter através de nenhuma outra... mas a partir das quais, misturando e tornando a misturar, podemos obter todas as cores da natureza...da vida. Porque é que no corropio certeiro da cidade gigante, onde tantas minhocas se movem, não olhamos simplesmente p'ró alto e vemos?! Magenta!

O céu em magenta vem mostrar a certeza de podermos tocar-nos. Colidir.
Crash...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

anestesia...


A chuva chegou e em cada gota me banhei...dancei. A dança da chuva! Feliz, como em terras de outrora, agradeci como dádiva a sua chegada. Devagarinho, cada gota se entornou na alma e da pele brotou o sentir mais tranquilo. O de me saber viva. Assim, só.
Simples, tão simples podem ser as coisas. Poesia molhada em tinta permanente. Poesia cantada liricamente. Há dois dias que não me sinto, contudo. Só hoje a chuva me devolveu a certeza de sentir tudo..os ossos quebrarem, gelarem. Até aqui bailei numa dança coral, espécie de india tribal. Sem medir consequência, me movi, andando daqui para ali...dançando...numa coreografia a dois tempos.

Parei. Percebi. Anestesia total. Não sei como ou quando a tomei mas sentia-lhe os sintomas, as causas.
Provoca: Ausência ou alívio da dor e outras sensações...possíveis alterações das funções vitais. Estado de inconsciência reversível, imobilidade, analgesia e bloqueio dos reflexos autonómicos. Controle da pressão arterial e da frequência cardíaca.

O sentir entrou em coma...a dança parou.
Tudo explicado, portanto.