quarta-feira, 1 de outubro de 2008

minha pele creme. tua chocolate..mesmos olhos, afinal!


Teus olhos escuros vêem, em negro, o céu comum ..meus como os teus, negros, também. Cobardemente, fingia não te ver quando ofuscava as memórias, cravadas nas glândulas de um passado recente que fingia, longínquo... minha pele creme, a tua chocolate, doce afinal! pinceladas diferentes pelo artesão de mão criadora! Deus, sol, universo... Somos diferentes. O negro dos teus rodopia a três dimensões o que vejo com os meus.

Surpreendes-te-me, ao fazeres-me frente, sem me preparar. Já tinha esquecido (melhor, não lembrado!)...parecias tão longe, deixei-te cair já nas águas, quando parti do toque quente que me impuseste..pelo sol que brilhou em ti e me fez querer para sempre viver, miserável. Pensei. Não te queria ver, não te procurei. Egoísta, cobarde...quis meu banho quente, meu leito divino...quis o sorriso hipócrita, manchado de tom grave, sorriso de papão! Ignorei os ratos, as pestes de baratas, o tiro certeiro, a água imunda e o cheiro náuseabumbo..teu corpo sujo, manchado da virgem terra.

Mentira. Ignorei teu brilho..tua pele quente..ignorei a génese, os primórdios dos sentidos. Igonorei o verbo amar. Ignorei a essência, por minha podridão! Cobarde, temi cada tiro...cada passo, tremi até com a grande máquina que a ti me levou. Revolução nos sentidos. Voltei e não te trouxe. Na bagagem só trazia a pressa de chegar...Inutilmente, fugi do paraíso gravado a sangue...do idílico céu. A lua era a mesma, porém. Rejeitei-a. Raspei-te a pele, não saía dor. "Toma é teu, filho!" Não te quis. Não tive coragem.

Tocou para intervalo, acabei de chegar. Mil e uma pedagogias enquanto já me olhavas. Em reino superior me achei, quando abro a porta, olho a sala...tua pele chocolate...teus olhos negros me fitaram.. não me ensaiei, não houve tempo. Estavas ali. Estás aqui. Perdoa-me. Senti.

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