sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Enfeite de Natal!


No relógio batiam as 25 horas de uma noite dormida á pressa, a chuva secou a roupa, cansada de vestir sempre a mesma pele. O telefone não tocou. Tudo mudo. O olhar em redor parecia alcançar a dimensão de uma dança inacabada. A música não se ouvia, mas via dedos pulsarem o piano. Sequências perversas, cósmicas. Enclausurei-me de tais marionetas, em freeze vi-te calar. Cantavas em gritos, a melodia quimera. Seria Natal?! havia um enfeite na janela. Suposições. Estalei os dedos. Cantavas. Em que banda sonora estaria incluído o plano de teu rosto perfeito?! Olhos sugados, molhados, talvez?! Beijaste-me a face com a voz esculpida...não te via, porém. Relativizei o problema. Resolvi pintar-te. Vinhas de negro. Fitei tua boca. Cantavas. Mudo. A melodia beijava-me a pele.

Não houve tempo de abrandar. Despistei-me. Vi as botas, as tais. Aladino passava. Baralhava. Seria a minha vez de jogar?! Não era sueca, eramos só três. Dois, talvez?! Num segundo caiu, ás de copas. Bati. Não recolhi. Aladino suspenso. Breve arranhão na barriga. Já não moravas ali...no centro esquerdo. Somei pontos nessa jogada, mas não mais tive áses.

Olhei para o relógio que não tinha,(nunca tive tempo!)eram zero horas de um dia qualquer. Cantavas. Era uma sueca. Eramos o par. Não quis o desejo da lâmpada mágica, já não queria a tal banda desenhada. Cantavas tu. Sim tu. Beijavas-me o sangue. Ás de copas. Havia, ainda, o enfeite de Natal na janela...mas não via a porta. Já moravas ali. Nada a fazer. Quis a tua quimera, ouvi a melodia, tua voz esculpida, sugaste-me a face...Já te movias. Já eramos dois. Sim, havia um enfeite. Sim, nasceste ali, na mangedoura queimada do vermelho fogo. Sim moras tu, já, no centro esquerdo. Sim, havia um enfeite. Sim, era Natal!

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