domingo, 5 de outubro de 2008

Baby please go...

Já não durmo. Relativizo a questão crivando aqui meus antagonismos.




Olhos de azeitona, chamavas-me, porque amavas a sombra, o negro, o preto que havia em mim. Rasgaste-me a pele com um beijo de olhar roubado. Pintei-nos. Amaste. Vomitei-me. Amaste. Fui musa e serpente das palavras que beijavas, como eu. Teus versos alimentavam o suor da vida que fundimos em palavras. Mudas, caladas, beijadas, sentidas, dançadas.
Sugaste-me, destruíste em pedaços teus próprios versos. Em paisagens diferentes nos viamos, mas unia-nos a cor...o amor.
Tocava o "The end" por vezes "ôh..ôh..ôhôh ôh....baby please don't go" e dançavamos. Tocavas-me a anca e brindavamos com o nosso sangue, sabias ser mais do que um Romeu e Julieta.
Perguntavas-me sempre e tão romanticamente: " Morrias por mim?!"... em dois passos bailados ia buscar um punhal. Tua pele me secava...em mim deslizava e era , sempre, um: "Até ao fim"!

Poeta maldito de recados gravados a sangue em meu ventre...entraste, pensando nunca mais sair. Trancaste, lançaste fora a chave e juntos brindamos a rir!
Vimos diferente, vimos longe... cada segredo sussurrava o múrmurio de mim mesma, era eu, eras tu. Falavas e escutava-me. Dançava, eras tu que movias...
Nenhuma promessa em nós, tudo era certeza. Riscamos o ponto de interrogação e bebemos a emoção.

O punhal que nos matava por amor...matou-nos um a um, passo a passo sem saber. E agora, o poeta escritor, escreve a letras gordas o meu fúneral. Banal.

Meus olhos de azeitona, em negro, beijam teu rosto pintado. "Baby please...Go!"

2 comentários:

Ninguém disse...

Olhos de azeitona, chamo-te, porque o negro ama mergulhar em ti. Calça. Faz pandam. Negro puro, negro de luz. Negro só teu. Reflecte minha imagem quando beijo teu olhar sem te tocar. Vejo me dentro de ti. Contigo não morro. És salvação, explicação. Tudo volta a ter sentido. Os planetas alinhados no eu amado em solo estrangeiro. Curas a eterna ferida de existência ao dançares no fogo pincelando o mais belo sorriso.
Matei. Morri.
Poderá a bela amar o monstro? A história encantada, tornada real, muda as personagens, semi-deuses do seu mundo. O Romeu e Julieta, ensopados num dos actos do mísero mortal e seu diamante negro, enaltecem o esplendor do anjo mulher.
Teu quarto amarelo sol, meu, cinzento, morte. Terei luz se não beijar tua vela? Os acordes serão melodia na noite só? Tentarei eu ser Alguém, sendo teu, por ousar ter a sorte, fugindo ao mundo de Ninguém?
Anjos dançam, Anjos morrem…
O melhor de nós tenta salvar o paraíso perdido em nenhures.
As palavras eternas permanecem, não desvanecem. Não é à toa que se lança o mais belo dos suspiros. Não é pensado, calculado. Não tem dia nem altura. É volátil. É pulsão. É amor. É sentir no êxtase de existir.
“Morrias por mim?”
Sorriria para o barqueiro, mergulhando em honra por ser por si.
Pensava que eu era.
Penso que nós somos.
Teu leite é meu vinho
Minha seda, teu brilho.
Palavras intemporais… Sente-se a sua falta com o cavalgar do segundo.
Se visionei a evaporação do tempo, erguendo tua aura, é porque sei.
Sempre te amarei.

Vivemos, Morremos e a Morte não nos tira a vida.

Sou eu, então, sapo louco, demente, que ignorando o mundo real e suspirando a última das valsas, beija em silêncio teus olhos, negro azeitona.

luaempormaior disse...

As feridas na pele doem de morte e as cicatrizes beijam-me a face, ainda assim foi poesia! e o lago brilha e o barqueiro espera..pela nossa chegada. só. De longe podemos ver em negro...o que de perto sempre deixará cores. Multiplas cores! O meu planeta é e será sempre o arco iris! onde as cores bailam num Si e o preto e branco calça o Dó maior.
Bailemos á vida..por existir e nos unir..um dia. Ainda que hoje, impere por ela, que caminhemos sózinhos! Brindemos! A vida faz-nos bem!